Quando vi que o tema dessa semana iria ser Música para Ninar, confesso que fiquei pensando o que poderia escrever. Me lembrei de várias coisas boas da minha infância: cresci e morei em fazenda no interior de MG até meus 17 anos, animais, frutas colhidas no pé, comidas caseiras, queijo com goiabada, acordar cedo pra ir para a escola naquele friozinho de inverno foram algumas lembranças que apareceram com um toque de saudosismo de tudo que vivi no interior.
E no meio dessas lembranças também vieram as canções de ninar. Meu pai nunca teve jeito pra isso, pouco me lembro das vezes que ele colocou eu e meu irmão na cama. Aliás, só me lembro dessa cena com ele quando a gente dormia no carro e ele literalmente nos carregava para cama, então a voz que ainda ouço é de minha mãe, cantando as clássicas músicas de ninar, como "Boi da cara preta", mas uma em especial, me fazia ter menos medo do escuro e do bicho papão que se escondia debaixo da minha cama: "mãezinha do céu, eu não sei rezar, só sei te pedir, só sei te implorar. Azul é teu manto, branco é teu véu, mãezinha eu quero te ver lá no céu..." Mãe é mãe, enfrenta monstros, cuida, puxa a orelha e ensina a viver... e a minha fez seu papel muito bem.
Mas, como ainda não sou mãe para repetir essas canções, ninar hoje também tem um outro significado pra mim. É poder estar com quem se ama e dar, ou receber, colo que só um amor ou um amigo verdadeiro podem oferecer naquelas situações que a carência ou a tristeza quase derrubam a gente. Ninar é fazer aquele cafuné gostoso e dizer para alguém bem baixinho que tudo vai ficar bem, e diante dessa tranquilidade, cair no sono e sonhar com dias melhores.
A minha sugestão para o tema dessa semana já me fez adormecer várias vezes, sempre me dando a certeza de que sou mais forte que o bicho papão debaixo da minha cama e que o tempo definitivamente é o melhor dos remédios.
Foo Fighters, Everlong.
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